PORTO VELHO – Com a esperada complacência de quem tem a obrigação de fiscalizar as ações do governo, no caso a Assembleia Legislativa, o que, no caso não representa uma novidade, e a demora excessiva em tomar providências, deixando de lado inclusive segmentos importantes que poderiam, e podem ainda, ajudar muito. A gestão pública estadual deixou chegar ao ponto que se encontra a população, entregue à própria sorte não tendo a quem recorrer nos casos de covid 19, colocando em risco total profissionais que atuam na linha de frente expostos, inclusive, à ação armada de bandidos que aterrorizam plantonistas e usuários dos serviços de atendimento de saúde.
Nesse contexto, da violência contra aqueles que estão trabalhando e arriscando suas vidas para tentar salvar as vidas dos outros, o erro também está na falha dos organismos de segurança pública, aqui incluído o grupo de agentes municipais de trânsito que poderiam ter sido disponibilizados para atuar na segurança das UPAs, especialmente por estar se tratando de uma situação de alta emergência e porque, também, com o trânsito da cidade praticamente reduzido. Poderiam ter sido mandados fazer o trabalho sem que se configurasse desvio de função, haja vista a emergência em se resolver o problema.
O quadro que se desenha desde quando o covid 19 desembarcou no Brasil, oficialmente no dia 26 de fevereiro; no caso de Rondônia é a notória falta de visão e de previsão do que iria acontecer, e quando a corda apertou a resposta mais comum das autoridades, tanto do governador quanto do secretário estadual da Saúde, do prefeito de Porto Velho e sua secretaria municipal de Saúde é a absurda imposição da frase que indica ser a culpa totalmente da população.
Para quem assistiu a última entrevista do secretário da Saúde, foi patético ouvir dele que fazer funcionar as alas disponíveis no HB levaria mais tempo e seria mais caro do que pagar 12 milhões pelo Regina Pacis. É bom lembrar que quando Marcos Rocha assumiu o governo, a 1 de janeiro de 2019, aquelas alas já estavam prontas. E, ainda que não as colocasse em funcionamento àquela altura, deveria ter servido de advertência ao gestor principal e seus assessores que, como estava evoluindo pelo mundo desde o final de dezembro, o coronavírus chegaria também a Rondônia.
O Governo e a prefeitura da capital estão se colocando cada dia mais em situação difícil perante a população. Enquanto outros Estados se mobilizaram rápido, ainda que nem tanto devido à velocidade e a violência da doença implantando hospitais de campanha usando terrenos, complexos esportivos e outros locais públicos, aqui, dois meses depois da chegada e da forte evolução da doença, o governo tenta implantar uma solução que, na visão de pessoas com quem conversamos, todos da área de saúde, representa um paliativo que, se ficar pronto efetivamente a tempo, uma espécie de natimorto face à urgência que o caso exige.
Para o Governo e a Prefeitura importante é todos os dias reunir e anunciar que tantos morreram, tantos estão internados e, de quebra e sempre com mais força, colocar a culpa na população que, em sua maioria considerável, tem contribuído com o apelo oficial, enquanto o Estado, como ente responsável por todos nós, não fez sua parte no momento certo, ficando o custo, em vidas, cobrado diariamente.
*É aprendiz de repórter