PORTO VELHO (03-02) – A reunião de trabalho entre o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o presidente do Peru, José Pedro Castillo, nesta quinta-feira, em Porto Velho, é mais um passo rumo à consolidação de uma iniciativa da Federação das Indústria de Rondônia (Fiero), logo na sua segunda presidência, na década de 1990.
A Fiero defende luta pela integração comercial, turística e cultural entre Rondônia e Peru há mais de 30 anos, quando o visionário engenheiro Miguel de Souza e o jornalista e empresário Luiz Malheiros Tourinho, lideraram a primeira caravana de rondoniense rumo ao país andino.
O que a Fiero já deslumbrava naquele tempo era o fortalecimento das relações comerciais entre empresas e empresários rondonienses com os peruanos.
Presidida atualmente pelo empresário Marcelo Thomé, a Federação das Indústrias de Rondônia (Fiero) defende a bandeira do intercâmbio comercial com os países vizinhos há mais de 30 anos, dentre eles, o Peru.
Uma das pautas do encontro é o estreitamento dos laços de interesse entre os países vizinhos. O Peru tem se destacado em crescimento na América Latina desde 2009 chegando a 3% em 2015.
A mineração no país andino é o seu pilar principal da economia, em que o coloca como um dos maiores produtores de ouro, cobre e prata.
O presidente da Fiero, Marcelo Thomé destaca a importância do encontro do presidente Bolsonaro com o presidente do Peru Pedro Castillo para o desenvolvimento regional de Rondônia e fortalecimento das relações comerciais entre os dois países.
Thomé lembra da relevância histórica da Fiero na defesa dos interesses da indústria rondoniense e o efetivo trabalho realizado para o fortalecimento das exportações dos produtos de Rondônia. O líder empresarial também reitera o pioneirismo da Fiero, assim como a marca indelével deixada pela iniciativa do engenheiro Miguel de Souza, presidente da entidade no período de 1990 a 1998.
“Miguel de Souza, em sua gestão, foi um visionário. “Em 2012, graças a esse primeiro grande passo dado por ele lá atrás, a Fiero, na gestão do então presidente Denis Baú (2009 a 2015) fota à direita – , foi empreendida a missão empresarial “Fronteiras do Progresso”, ao Peru, realizada em parceria com o governo de Rondônia. Houve a participação de 40 empresários rondonienses e até hp0je ainda é considerada um marco histórico”, afirma Thomé.
O presidente da Fiero pontua que “se a iniciativa fosse apenas do governo, seria apenas o lado político sem o lado dos negócios. Se a Federação fosse sozinha teríamos apenas o contato com os empresários, e certamente a missão não teria o mesmo clima e a empolgação favorável quando unimos a classe política e a empresarial. Este projeto de integração Rondônia-Peru certamente rendeu frutos e abriu portas para o mercado andino, uma oportunidade de intercâmbio comercial com o povo peruano e expandindo a nossa produção e contribuindo ainda mais para o desenvolvimento do estado”.
Via de mão dupla
Outro ponto destacado pelo presidente da Fiero é a inauguração da ponte em Abunã, conhecida como a rota do pacífico, uma bandeira defendida pela entidade. Essa ponte numa rodovia binacional que liga o noroeste do Brasil ao litoral sul do Peru, através do estado brasileiro do Acre. Além de favorecer a integração sul-americana na circulação de pessoas, o turismo e o comércio bilateral entre o Brasil e o Peru, a estrada garante o acesso dos produtos peruanos ao oceano Atlântico e o acesso dos produtos brasileiros ao Pacífico.
A ponte de Abunã integra a chamada “Rota Interoceânica” ou “Estrada do Pacífico”, um caminho pavimentado de quase 2.400 km, que interliga Porto Velho (Rondônia) e San Juan de Marcona, na costa do Peru, dando acesso aos portos de Matarani e Ilo.
De acordo com Marcelo Thomé (foto acima), a Fiero tem inúmeras prioridades, e uma delas é empreender e garantir novos negócios. Para isso, o intercâmbio econômico e cultural entre o Brasil via Rondônia, e o Peru, é fundamental, pois o Peru tem uma população de mais de 32 milhões de habitantes, enquanto a Bolívia possui uma população de 11,51 milhões de habitantes, certamente um mercado em potencial”, conclui.
Geografia favorável
A situação geográfica de Rondônia em relação aos países vizinhos do norte da América do Sul coloca o Estado em posição estratégica, o que facilita a conquista de novos mercados. “Apenas como ilustração, faremos uma comparação de distâncias, tendo Porto Velho como referência: de Porto Velho a Santos, são 3 mil e 300 quilômetros, enquanto que, de Porto Velho a La Paz, na Bolívia, são 1 mil e 300 quilômetros. Quer dizer, com exceção de Rio Branco e Manaus, La Paz está muito mais perto de Porto Velho do que de qualquer outra Capital brasileira. Cuiabá está a 1 mil e 500 quilômetros e Brasília, a 2 mil e 586 quilômetros. Em direção ao Nordeste, Recife está a 5 mil quilômetros”, explica. Essa posição privilegiada de Rondônia em relação aos países andinos, principalmente Bolívia, Peru e Chile, precisa ser mais bem administrada a nosso favor.
Liderança Peruana
O chefe de Estado, Pedro Castillo, anunciou que pedirá ao seu homólogo brasileiro, Jair Bolsonaro, a criação de um Gabinete Binacional para “promover o desenvolvimento das cidades fronteiriças” compartilhadas pelos dois países. “Existem demandas comuns na maior fronteira que o país tem e eu vou sentar e conversar para atender a população, e que eles não sejam mal interpretados e digam que estamos indo contra a soberania”, disse o presidente de Caballococha, em Loreto. Somos verdadeiramente peruanos, nos sentimos e vivemos como peruanos”, acrescenta Castillo Terrones.
De acordo com os dados do Ministério da Indústria e Comércio, neste primeiro trimestre, o mercado peruano comprou mais de 1,6 milhão de dólares em carne bovina congelada, fresca ou resfriada.
Miguel de Souza faz história
Miguel de Souza levantou a bandeira da integração com os países andinos em 1990, quando promoveu o seminário “A saída para o Pacífico”.
A ideia era mobilizar e viabilizar a construção da rodovia que ligará o Norte do Brasil aos portos do Oceano Pacífico, buscando concretizar a integração econômica e cultural dos países limítrofes de nossa região.
Em 1992, liderou a Caravana da Integração, realizando uma viagem pioneira entre Porto Velho e os Portos IIo e Matarani, no Peru, provando assim a viabilidade do projeto.
Os resultados dessa viagem estão narrados no seu livro “A Saída para o Pacífico, publicado pela Edições Sebrae — Série Ideias e Pensamentos”, no qual relaciona não só as possíveis variantes para essa integração, como as diversas fontes de aproveitamento em termos de desenvolvimento local e regional. Promoveu o 2º Encontro Internacional de Integração Brasil/Peru/Bolívia, tendo como tema central exatamente a saída para o Pacífico.
Fonte: Assessoria de Comunicação Social – Fiero