Cabixi, RO — Nos últimos dias, a campanha estadual Vacinação Sem Fronteira tem levado serviços de saúde para locais remotos de Cabixi, alcançando moradores das margens do rio Guaporé e áreas rurais de difícil acesso. A iniciativa, coordenada pela Agência Estadual de Vigilância em Saúde de Rondônia (Agevisa), atua na estruturação de atendimento de saúde móvel para garantir imunização, atualização de cartões vacinais e orientação preventiva.
Equipes de saúde estão deslocando-se de casa em casa, com barcaças, lanchas ou pequenas embarcações, além de veículos terrestres onde a mobilidade permite, para alcançar famílias nas vilas ribeirinhas como São João e Neide. Todos os passos desse trajeto envolvem logística considerável, visto que as comunidades estão espalhadas, muitas vezes isoladas por rios ou ramais de difícil acesso.
Moradores da Vila Neide relataram o alívio de poder atualizar o cartão de vacinação dos filhos sem precisarem viajar até Cabixi ou a sede dos municípios vizinhos. Em uma pousada nas margens do rio, uma funcionária comentou que ela e sua família conseguiram tomar todas as vacinas necessárias durante a visita das equipes, sem sair de casa.
Vacinas, proteção e prevenção
Além da aplicação direta das doses, a campanha também contempla ações educativas: especialistas orientam sobre a importância da imunização, reforço vacinal e prevenção de doenças que ameaçam regiões de fronteira. Uma preocupação destacada pelos gestores de saúde é o possível impacto do surto de sarampo da Bolívia nas comunidades fronteiriças brasileiras, tornando ainda mais urgente manter as imunizações em dia.
Em uma fazenda próxima, por exemplo, houve uma palestra direcionada não apenas à vacinação, mas também à saúde mental, com foco na prevenção do suicídio, como parte de esforços mais amplos de cuidado integral. Proprietários e trabalhadores agradeceram pelo empenho, afirmando que a campanha leva cuidados essenciais para além do foco apenas nas vacinas.
Desafios logísticos e operacionais
Levar vacinas a estas comunidades exige superar obstáculos: transporte fluvial, comunicação ruim, falta de infraestrutura para refrigeração adequada em alguns pontos, além de necessidades de pessoal e material. Para muitos moradores, a chegada da equipe de saúde representa isolamento sanado, pelo menos por um momento.
Para garantir segurança e qualidade, Agevisa reorganizou o fluxo de registros vacinais, atualizando o sistema de imunização para que todas doses aplicadas sejam devidamente anotadas, inclusive para migrantes ou turistas que estejam de passagem pelo rio Guaporé.
Impacto e continuidade
Até o momento, a campanha tem conseguido aplicar centenas de doses, atingindo públicos variados: crianças, adultos, idosos e gestantes. A prefeitura de Cabixi expressa satisfação com o reforço do Estado, pois mostra-se fundamental para alcançar metas de cobertura vacinal e evitar que surtos ou doenças evitáveis atinjam moradores distantes da infraestrutura urbana.
O governador afirmou que não importa quão remota seja uma comunidade — a proteção à saúde deve chegar a todos. O diretor-geral de Agevisa reforça que “fronteira aberta” para a saúde é aquela onde ninguém fica desprotegido.
A campanha segue seus próximos roteiros, planejando visitas a outras vilas, ramais e pontos fluviais onde há baixa cobertura vacinal ou dificuldade de acesso, até alcançar todas as localidades previstas no Estado. Para os moradores, trata-se de uma ação vital, pois representa cuidado, proteção e, sobretudo, equidade no acesso ao direito à saúde.