Da Redação – O trágico episódio ocorrido no Nepal, nesta terça-feira, em que a esposa de um ex-primeiro-ministro morreu após manifestantes incendiarem a residência da família, reacende o debate global sobre o impacto das restrições impostas ao acesso às redes sociais.
De acordo com relatos da imprensa local, a onda de violência começou após o bloqueio de plataformas digitais no país, medida adotada pelo governo como forma de conter protestos e a circulação de críticas ao sistema político. Sem canais oficiais para expressar opiniões, parte da população levou sua insatisfação às ruas, resultando em confrontos, depredações e, por fim, na tragédia que vitimou a esposa do ex-líder.
Especialistas em comunicação política afirmam que impedir o acesso da sociedade a redes sociais não elimina o descontentamento, mas transfere a indignação para formas mais radicais de manifestação. “Quando a população sente que não tem espaço para falar, a rua se transforma no único palco possível. A repressão digital acaba se revertendo em explosões de violência no mundo real”, avalia a cientista política Anita Sharma, professora da Universidade de Katmandu.
Organizações internacionais de direitos humanos também condenaram o bloqueio das plataformas, defendendo que a liberdade de expressão é essencial para a manutenção da democracia e para evitar escaladas de violência.
O caso no Nepal serve de alerta para outros países que cogitam controlar o acesso às redes sociais em momentos de crise política. A experiência mostra que, em vez de reduzir tensões, tais medidas podem amplificar o sentimento de revolta popular e colocar em risco tanto cidadãos quanto lideranças políticas.