Segunda-feira-15 de setembro de 2025 - Email: [email protected]

A era de ouro dos cabos eleitorais

Luiz Carlos Moreira Jorge*

RIO BRANCO – Os últimos anos da década de 1960 e a década de 70 foram a “era de ouro” dos cabos- eleitorais nas campanhas na capital. Existia o que se denominava de “curral-eleitoral” – que na verdade era uma forma de compensar o eleitor mais pobre, principalmente, o que vinha da zona rural, pelos votos. Chamava-se “curral” porque funcionava em cercados construídos para existir apenas no dia da eleição, onde dentro era feito churrasco, arroz e farofa para dar aos eleitores após votarem. Só entravam no cercado os eleitores do partido, já que, como a cidade era menor, todos eram conhecidos. 

Pelo lado da oposição, o mais famoso era o do Duca Montenegro, fã do deputado federal Geraldo Fleming (MDB), que se gabava de ser o “cabo-eleitoral pai dos pobres”. O seu “curral”, mais modesto, ficava no São Francisco, para onde ia o eleitorado do MDB. O outro “curral” funcionava onde é hoje o campo de futebol do Vasco da Gama e era comandado pelo Martins Bruzugu, que sempre corrigia os que o chamavam de “cabo-eleitoral”. Replicava que “cabo-eleitoral” era o Duca, ele era “cientista político”.

Ambos travavam uma disputa que sempre servia de comentários nas colunas políticas. “O Bruzugu é o cabo-eleitoral dos ricos, eu sou o dos pobres”, dizia o Duca Montenegro, um negro simpático de quase 2 metros de altura. O Martin era dono de uma conversa aprumada, um mulato jeitoso, com acessos livres aos gabinetes de prefeitos e governadores, seu “curral-eleitoral” era mais farto, nunca matava menos de três bois, porque além de comer os eleitores do seu lado, ganhavam dois quilos de carne para levar. O Bruzugu sempre esteve ligado ás elites do poder, à Arena e depois o PDS.

Homem de muitas histórias! Na verdade, um grande bonachão, que sabia como cativar votos. Eleição naquela época era uma festa. Como jornalista tive o prazer de ser amigo do Duca Montenegro e do Martins Bruzugu, duas figuras que não podem deixar de serem lembradas no folclore político do Acre. Na foto, o Manoel Mesquita, emedebista, depois deputado, com o Martins, com a mão no seu ombro. Ambos já partiram para outro plano.

E eu, na foto, de olho na farta mesa do “curral”, só ouvindo os papos dos dois amigos. Do governo Wanderlei Dantas até hoje fui testemunha de muitas passagens políticas, algumas irreveláveis. Bons tempos! Tempos da política romântica. Hoje os tempos são da fria rede social. (Foto enviada pelo amigo Tião Bruzugu, filho do Martins).

*O Blog do Crica, é do jornalista Luiz Carlos Moreira Jorge, articulista do site AC24hs

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