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Porto Velho: dos trilhos da EFMM aos 111 anos como capital estratégica da Amazônia

A cidade-sede da Assembleia Legislativa é hoje um polo econômico com forte identidade local.

 

 

Primeiro dia de trabalho com a locomotiva 4 da E.F.M.M. (Foto: Dana Bernard Merrill I Colorida por Luís Claro)

Porto Velho, capital de Rondônia, completa 111 anos nesta quinta-feira (2), celebrando uma história diretamente ligada à construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Criado oficialmente em 2 de outubro de 1914, o município se transformou ao longo do tempo, se firmando como um polo do agronegócio e centro estratégico da Amazônia.

 

 

 

Transformações e consolidação

 

 

 

A origem de Porto Velho, conforme destaca o professor e historiador Célio Leandro Silva, remonta a três datas importantes, sendo 2 de outubro de 1914 a da sua criação como município, 4 de junho de 1907 a da fundação de Porto Velho e 24 de janeiro de 1915, a instalação solene do município, quando ocorreu o ato administrativo com a posse do primeiro prefeito, Major Fernando Guapindaia.

 

 

 

Ele afirma que se não fosse a ferrovia, dificilmente a cidade existiria, citando o grande empreendimento da EFMM.

 

O secretário adjunto municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho e também historiador, Aleks Palitot, ressalta que a cidade viveu de ciclos econômicos, como o da borracha, do ouro, dos projetos de colonização e da construção das barragens.

 

“Antigamente, Porto Velho era muito conhecido como a capital do contracheque. Hoje nós temos o maior rebanho do estado de Rondônia. As áreas de produção de soja têm crescido bastante, somos referência também em tanques de peixe”, destaca.

 

A consolidação de Porto Velho como capital, segundo o historiador Célio Leandro, ocorreu na década de 1980, com o “boom” do ouro no Rio Madeira, a criação do estado e a pavimentação da BR-364. Esse período, com a chegada de milhares de pessoas, deu à cidade sua “cara de capital”, um processo liderado pelo ex-governador Jorge Teixeira, responsável por obras como o Hospital de Base, o Ginásio Cláudio Coutinho e a abertura de avenidas.

 

 

O jornalista Waldir Costa, 79 anos, que acompanhou o desenvolvimento da cidade, destaca que um dos crescimentos mais expressivos ocorreu com a chegada das usinas de Jirau e Santo Antônio, que trouxeram para Porto Velho mais de 200 mil pessoas em pouco tempo. Nascido em Garça (SP) e pai de sete filhos, Waldir tem uma longa carreira no jornalismo. Ele iniciou como motorista entregador de jornal no Paraná e veio para Rondônia para trabalhar no Diário da Amazônia. Waldir também já foi diretor de comunicação na Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), atuando na época do ex-deputado Natanael Silva e também de outras gestões.

Waldir Costa, ex-diretor de Comunicação da Alero. (Foto: Divulgação)

 

Desafios: saneamento e infraestrutura

 

Apesar das transformações econômicas e sociais, o maior desafio atual de Porto Velho está na infraestrutura e no saneamento básico. Aleks Palitot chama a situação de “legado não muito adequado”, ressaltando que a cidade já teve 90% de saneamento básico em sua fundação.

 

 

 

“A gente está numa capital na Amazônia, ao lado do 17º maior rio do mundo […] mas nós não temos toda a cidade com água tratada para a população, principalmente a Zona Leste. E a questão dos números pífios em relação ao saneamento básico, a questão da rede de esgoto”, ressalta.

 

O professor Célio Leandro reforça que a capital é uma das últimas cidades em saneamento no Brasil, um reflexo do seu crescimento acelerado e pouco planejado.

 

Outro ponto levantado por Waldir Costa é a necessidade de modernização do sistema viário, especialmente no centro, e a valorização da área da Madeira-Mamoré, um imenso patrimônio cultural que, segundo ele, precisa de investimentos urgentes.

 

Valorização da história e cultura

 

Para preservar a identidade de Porto Velho, os entrevistados destacam a importância do conhecimento e do sentimento de pertencimento. Aleks Palitot salienta que o poder público deve ser o fomentador dos valores e da identidade, garantindo a manutenção do patrimônio e da cultura material e imaterial.

 

“O povo de Porto Velho, aos poucos, tem criado ainda mais o sentimento de pertencimento, de amor pela cidade, de identidade, e isso é resultado, talvez, de uma mudança que se dá a partir da própria visão da sociedade em relação ao lugar em que vive”, enfatiza.

Célio Leandro reitera que a população deve conhecer a sua história, incentivando o diálogo sobre a cidade em casa. Ele vê com orgulho o amadurecimento da população, que hoje se identifica como portovelhense, um sinal de que o pertencimento está forte e enraizado.

 

“Hoje você já consegue ouvir, eu sou portovelhense, eu sou daqui. Isso é muito legal, as pessoas já se identificam, já têm um pertencimento muito grande em relação a ser da região. Eu tenho muito orgulho em entender e perceber que a população também já tem essa visão: eu sou portovelhense, eu sou daqui. Isso já tem um pertencimento muito forte e enraizado”, declarou o historiador.

 

 

Centro político de Rondônia

 

A história de Porto Velho está intrinsecamente ligada à construção da estrutura política de Rondônia. A cidade é a sede da Assembleia Legislativa, instituição que completa 42 anos em 2025. A instalação da Casa de Leis, em Porto Velho, foi fundamental para a elaboração da primeira Constituição Estadual, a lei máxima que organizou os poderes e a administração pública do novo estado.

 

O texto desta primeira Constituição foi, inclusive, considerado de vanguarda e serviu de parâmetro para a Constituição Federal de 1988, com destaque para a autonomia administrativa do Ministério Público, dispositivo transcrito no texto federal.

 

 

O presidente da Alero, Alex Redano (Republicanos), ressalta que, ao completar 111 anos, Porto Velho se afirma como um elo vital entre o passado da ferrovia, o presente do agronegócio e o futuro da integração regional.

 

“A capital de Rondônia carrega em sua identidade a força dos ciclos econômicos e a diversidade de um povo que, a cada ano, consolida um sentimento mais profundo de pertencimento. Celebrar o aniversário de Porto Velho é reconhecer sua importância política, econômica e cultural para toda a Amazônia Ocidental”, enfatiza.

 

Aniversário de 111 anos de Porto Velho

 

 

 

Em comemoração aos 111 anos da capital, a prefeitura de Porto Velho realiza uma série de ações festivas. A programação inclui shows nacionais, diversas atividades sociais e o tradicional corte de um bolo de 111 metros para a população.

 

 

 

Você pode conferir a programação completa da prefeitura clicando aqui.

 

 

Texto: Isabela Gomes | Jornalista Secom ALE/RO

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