Da redação – O Dia Nacional do Teatro, celebrado em 19 de setembro, homenageia o nascimento de João Caetano dos Santos (1808–1863), considerado o pai do teatro brasileiro. A data busca valorizar a história cultural do País e reforçar a importância da cena teatral como espaço de expressão artística, crítica social e formação cidadã.
O espetáculo teatral “Essa é a nossa história” durante a comemoração dos 40 anos da Alero (Foto: Arquivo I Secom ALE/RO)
Em Rondônia, a Assembleia Legislativa (Alero) tem ampliado o debate sobre políticas públicas para a cultura e destinado recursos por meio de projetos e emendas parlamentares. Para os deputados, fortalecer a prática cultural significa também reforçar a democracia, já que tanto a arte quanto o Legislativo compartilham a missão de dar voz à sociedade.
Duelo na Fronteira: evento cultural que conta com o apoio da Assembleia Legislativa de Rondônia (Foto: Arquivo I Secom ALE/RO)
A deputada Cláudia de Jesus (PT), integrante da Comissão de Educação e Cultura, defende mais investimentos no setor. “O teatro talvez seja uma das mais belas manifestações artísticas que a humanidade já criou. Rondônia tem muito a avançar na promoção de nossa arte. Precisamos garantir recursos no orçamento estadual para valorizar nossos artistas locais”, afirmou.
Além da atuação na CEC, a Alero mantém iniciativas próprias, como o Coral Vozes do Legislativo. Cláudia reconhece, porém, a ausência de políticas públicas estruturadas: “Milhares de trabalhadores dependem da cultura, movimentando a economia por meio da arte. Esse PIB da cultura em nosso estado pode ser melhor aproveitado”.
Coral Vozes do Legislativo, um exemplo de produção artística (Foto: Thyago Lorentz | Secom ALE/RO)
Para Marcelo Felice, diretor do espetáculo Bizarrus, da Associação Cultural e de Desenvolvimento do Apenado e Egresso (Acuda), o teatro é um espaço de crítica social e formação cidadã. Ele defendeu maior incentivo estatal para superar o “abismo” entre produção artística e formação cultural da população. O espetáculo já alcançou mais de 200 mil espectadores e se consolidou como política pública.
A atriz Charlene Duarte avalia que a principal dificuldade é a falta de incentivo e divulgação. Para ela, o teatro dá visibilidade a vozes marginalizadas e estimula o engajamento democrático. “O poder público tem papel fundamental no fomento à arte, seja por meio de editais, leis de incentivo ou oferta de espaços para produção cultural”, disse.
A dança é fundamental na construção de espetáculos cênicos (Foto: Governo de Rondônia)
Charlene também destacou a integração da dança ao teatro: “A dança é uma linguagem que expressa emoções e ideias pelo corpo, integrando-se ao teatro e à música. Essa simbiose permite novas formas de comunicação com o público e fortalece a expressão corporal”.
Para a professora Victória Barreto, o teatro contribui para a formação crítica e empática dos alunos. “Os bons textos sempre trazem questionamentos sociais, gerando debates que só o teatro pode proporcionar”, afirmou. Ela defendeu mais investimentos em infraestrutura e acesso, como teatros em áreas periféricas e programas de ingressos para famílias de baixa renda.
Espetáculo Bizarrus tornou-se uma política pública (Foto: Esio Mendes | Secom – Governo de Rondônia)
Victória citou o espetáculo Bizarrus como exemplo de inclusão social, ao dar palco a histórias e personagens invisibilizados. Ela reforçou que a falta de incentivo financeiro segue sendo o maior entrave para o crescimento das artes cênicas no Estado.
Deputada Cláudia de Jesus foi a proponente da audiência pública de cultura (Foto: Thyago Lorentz | Secom ALE/RO)
A Alero também tem promovido espaços de diálogo com o setor cultural. Em audiência pública proposta por Cláudia de Jesus, parlamentares e artistas defenderam a criação de novos equipamentos culturais no interior. “Hoje, o Palácio das Artes é o único centro de referência teatral do Estado. Precisamos garantir que alunos e comunidades do interior também tenham acesso a espetáculos”, afirmou a deputada.
O ato de legislar se caracteriza em ouvir os segmentos da sociedade (Foto: Thyago Lorentz | Secom ALE/RO)