Duração depende de fatores como complexidade do caso, fase processual e localização da Vara do Trabalho
Quando um ex-funcionário ou empregador recorre à Justiça do Trabalho, uma das dúvidas mais frequentes é: “ganhei um processo trabalhista, quanto tempo demora para receber?”. A resposta, no entanto, não é simples.
A duração de um processo trabalhista no Brasil pode variar consideravelmente, influenciada por diversos fatores jurídicos, estruturais e até regionais.
O que influencia o tempo de um processo?
Em média, uma ação trabalhista pode levar entre 6 meses e 2 anos na fase de conhecimento, quando ainda não houve decisão definitiva. Contudo, esse tempo pode se estender caso haja recursos, perícias ou se o processo seguir para a fase de execução, na qual a sentença já foi proferida, mas os valores devidos ainda precisam ser pagos pela parte condenada.
A fase de execução, por sua vez, é conhecida por ser a mais demorada do processo. É nesse momento que as dificuldades para localizar bens ou valores dos devedores costumam atrasar a quitação das dívidas trabalhistas. Em alguns casos, essa etapa pode se arrastar por mais de 5 anos, especialmente se envolver empresas em recuperação judicial, falência ou com patrimônio oculto.
Entre os fatores que mais impactam a duração dos processos estão a complexidade do caso, o volume de provas a serem analisadas, a quantidade de testemunhas e a necessidade de perícias técnicas, como as que envolvem insalubridade, periculosidade ou cálculos financeiros. Cada um desses elementos pode prolongar significativamente os prazos processuais.
A localização da Vara do Trabalho onde a ação foi ajuizada também influencia no tempo total. Em grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, o volume de processos costuma ser mais elevado, o que naturalmente leva a uma fila maior de ações à espera de julgamento. Já em regiões com menor demanda, a tramitação tende a ser mais ágil.
Outro ponto importante diz respeito à conciliação. Muitos processos trabalhistas são encerrados de forma antecipada quando as partes chegam a um acordo. Recentemente, uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aumentou o número de conciliações na Justiça do Trabalho de 18% para 22%.
A melhora está relacionada com a redução de processos para acordos entre empregados e empregadores. Isso reduz significativamente o tempo de resolução e evita o desgaste prolongado do litígio.
Nos últimos anos, o uso da tecnologia também tem contribuído para dar mais agilidade ao Judiciário Trabalhista. Com a digitalização dos processos, o trâmite das ações ficou mais rápido em algumas regiões, facilitando a movimentação dos autos, o acesso remoto de advogados e partes, além da realização de audiências por videoconferência.
Paciência é a chave
Apesar dos avanços, especialistas recomendam que tanto empregados quanto empregadores tenham paciência e organização ao ingressar ou responder a uma ação trabalhista. Ter a documentação completa, manter atualizados os dados de contato e acompanhar o processo por meio dos sistemas eletrônicos dos tribunais pode ajudar a evitar atrasos desnecessários.
Mais do que tempo, processo trabalhista exige preparo e acompanhamento
Embora a expectativa de tempo seja uma preocupação legítima, o fator determinante para o bom andamento de um processo trabalhista continua sendo a preparação adequada. Com o suporte jurídico necessário, postura colaborativa das partes e organização das provas, é possível reduzir entraves e abreviar a resolução da ação.
Ao entender as variáveis que impactam a duração do processo, empresas e trabalhadores podem ajustar suas expectativas e adotar estratégias mais eficientes para buscar seus direitos ou se defender com assertividade. Nesse contexto, o tempo do processo deixa de ser apenas uma contagem no calendário para se tornar uma parte do planejamento jurídico e financeiro das partes envolvidas. (Da Assessoria)