O defensor alerta para adoecimento em massa de trabalhadores submetidos a jornadas exaustivas: “É perverso e desumano”
Por assessoria
Durante participação no programa News 5.1, da Rema TV, afiliada da TV Crítica o advogado e professor Samuel Costa fez duras críticas à escala de trabalho 6×1, onde o trabalhador labora seis dias consecutivos para ter direito a apenas um de descanso. Para ele, esse modelo perpetua uma lógica de exploração moderna que atinge principalmente a base da pirâmide social brasileira.
“A escala 6×1 é a continuidade do trabalho escravo no Brasil. É um trabalho degradante e totalmente perverso, principalmente para aqueles que recebem até dois salários mínimos, o que representa quase 70% da classe trabalhadora”, afirmou Costa ao vivo no debate.
Assista trecho do debate: https://www.instagram.com/reel/DJLPexTM0eD/?igsh=MWt1dWZnemZ2dmQxYw==
Adoecimento silencioso: uma epidemia nas empresas
Samuel Costa também chamou atenção para os efeitos devastadores dessa jornada na saúde física e mental dos trabalhadores, apresentando dados oficiais que escancaram a gravidade do problema:
• Mais de 600 mil acidentes e doenças relacionadas ao trabalho são registrados todos os anos no país.
• De 2012 a 2022, foram mais de 7 milhões de ocorrências notificadas à Previdência Social.
• Estima-se que 1 em cada 3 afastamentos por auxílio-doença seja causado por doenças ocupacionais, como LER/DORT, transtornos mentais, doenças osteomusculares e respiratórias.
Segundo o advogado, os transtornos psicológicos vêm crescendo de forma alarmante. Entre 2012 e 2022, o Brasil registrou um aumento de mais de 200% nos afastamentos por causas mentais ligadas ao trabalho, somente em 2022, mais de 200 mil trabalhadores foram afastados por esses motivos.
Além disso, a subnotificação é um agravante sério: dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que os números reais podem ser de duas a três vezes maiores do que os oficialmente registrados.
Fim do 6×1: uma pauta urgente de dignidade
Costa defende que o fim da jornada 6×1 deve ser debatido não apenas sob o ponto de vista jurídico ou sindical, mas como uma questão de direitos humanos.
“A quantidade de trabalhadores que adoecem no ambiente de trabalho é significativa e preocupa todos que têm humanidade. É preciso romper com esse modelo que sacrifica vidas em nome da produtividade a qualquer custo”, declarou.
A fala gerou forte repercussão nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a necessidade de revisão das normas que regem o tempo de trabalho no Brasil, especialmente em setores com alta rotatividade e baixos salários.