PORTO VELHO – E eis que em 2020, ano que rompeu com todas as suas previsões iniciais e entra para história como o palco da maior pandemia enfrentada pela humanidade, um total de 147,9 milhões de brasileiros vão marchar até às urnas, no próximo domingo, 15, para exercer o direito ao voto. Em Rondônia, 1,19 milhão de eleitores escolherão 52 prefeitos e vice-prefeitos e 533 vereadores.
E quem são os candidatos que lutam pelo seu voto? Você os conhece? Sabe de onde vêm e é capaz de descrever suas propostas? Será que eles realmente conhecem a realidade de sua cidade, os seus problemas com transporte, segurança, educação e saúde, entre tantos outros? Qual a experiência de cada um deles com a gestão pública e por onde andaram no passado que os habilita a serem seus representantes?
Pois é! São muitas perguntas, mas, sinceramente, não recomendo ignorá-las. Antes de ir até a seção eleitoral para depositar seu voto na urna, cumpra seu papel de eleitor consciente e encontre respostas para todos esses questionamentos.
Não pense que isso não faz diferença. Pelo contrário, é o que lhe ajudará na separação do joio do trigo. Impossível prever como o futuro se desenvolverá, até porque imprevistos podem ocorrer, porém, com certeza, o candidato que tem uma ficha corrida em dia, sem “esqueletos no armário”, e um histórico de trabalho e de compromisso com os cidadãos terá menos chances de causar decepções.
Por outro lado, pessoas com propostas inexequíveis, mirabolantes, e mais preocupadas com projetos individuais – sejam os delas ou os seus – tendem a ter uma passagem irrelevante pelo Legislativo ou Executivo. Vão ficar quatro anos em seus cargos, recebendo salário pago por todos nós, mas sem deixarem nada. Ou seja, o legado de transformação que tanto esperamos será reduzido a zero.
No Estado de Rondônia, de acordo com a Justiça Eleitoral, há 410 homens e mulheres nas chapas que disputam as 52 prefeituras. A corrida pelas Câmaras de Vereadores tem 5.275 inscritos. Falamos de quase 6 mil pessoas, distribuídas entre 27 partidos. Desse total de candidatos, 244 buscam reeleição.
Porto Velho tem 30 nomes em 15 chapas em disputa pela Prefeitura e 664 interessados em ter um assento na Câmara Municipal. Na capital e em todas as cidades do interior, todos os que se habilitaram para disputar o pleito de 2020 passaram por uma estreita peneira antes mesmo de ter sido dada a largada. Pelo caminho ficaram 70 nomes, 32 deles por terem sido condenados pela Justiça, o que os torna inelegíveis.
Mas não confie apenas nesse crivo, pois até a Justiça tem seus limites. Por isso, faça sua parte: procure informações sobre a vida pregressa do candidato que chamou sua atenção; identifique os valores e temas com os quais ele se identifica; analise sua atuação profissional, seu histórico de vida, sua postura ética e sua conduta diante da sociedade.
Verifique também se o discurso do candidato não condiz com sua atuação em outros momentos da vida, isso é um indício de que ele pode estar mentindo. Além disso, como já disse, analise se as promessas de busca seu apoio são viáveis e compatíveis com o cargo que pretende ocupar.
Os discursos genéricos – do tipo “vou criar milhares de empregos” ou “prometo acabar com a corrupção” – são muito fáceis de fazer e impossíveis de serem realizados. E para não cair nas armadilhas das fakenews, que hoje tornam essa apuração mais delicada, busque dados em fontes confiáveis e idôneas.
Ao fim desse processo, talvez você fique com muitas dúvidas. Talvez até você decida que a pessoa em que você estava disposta a votar não combina com suas expectativas. Se umas dessas opções acontecer não tem problema. Busque outra opção que lhe deixe convicto de que estará fazendo a escolha certa.
Espero que em 15 de novembro, quando voltar para casa após ter depositado seu voto na urna, sua decisão tenha sido consciente. Assim, sua vontade se somará a milhares de outras para que Rondônia possa contar com homens e mulheres em posições chaves que não sejam políticos profissionais, mas que ocupem espaço no mundo da política para defenderem os interesses de outros cidadãos, como eu e você!
*José Hiran da Silva Gallo é diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM); doutor e pós-doutor em Bioética