Os eleitores de Cacoal certamente sairão desta campanha eleitoral de 2020 mais maduros e mais conscientes, porque os exemplos dados por muitos candidatos e por muitos eleitores são uma verdadeira lição sobre como as pessoas não podem se portar no universo político. A falta de postura, o egocentrismo, a falta de compromisso e as promessas vazias dão o tom de muitas candidaturas. O fato de constatar que muitos candidatos não possuem nenhum respeito pela cidade e pelo futuro das novas gerações não chega a ser algo tão alarmante, porque isto ocorre em todas as campanhas. O que causa estranheza é ver eleitores ditos conscientes pregando teorias absolutamente equivocadas e dizendo que querem moralizar a política. É lamentável que Cacoal tenha tantos políticos e eleitores com esse perfil…
Inicialmente, cabe lembrar, ao eleitor menos informado, que existem muitas diferenças entre os mandatos e não se pode banalizar os institutos, como se fossem algo sem importância. Não se pode dizer que mandato de vereador não tem importância; não se pode dizer que mandato de deputado não tem importância; não se pode pregar, equivocadamente, que mandato de prefeito é mais importante do que mandato de deputado. A sociedade está muito habituada a ouvir promessas vazias de muitos candidatos, mas tentar convencer uma população de quase 100 mil pessoas de que o mandato de deputado não tem importância é de uma estupidez sem precedente. Além de ser um absurdo pregar esse tipo de ideia, esta conduta revela total descaso com a população, porque a falta de representação no legislativo estadual já deixou Cacoal muitas vezes dependente de deputados de outras cidades. Todo mundo se lembra que, nas eleições de 2018, a maior preocupação dos cacoalenses era ficar sem eleger deputados. Muita gente dizia que deveria ter somente dois candidatos e que a população deveria votar apenas em dois nomes. Será que as pessoas que pregavam isso mudaram de cidade?
O mandato de um deputado é tão diferente do mandato de prefeito, e tão importante, que cada município tem seu prefeito; mas nem todos os municípios têm deputados. Ministro Andreazza, Espigão do Oeste, Pimenta Bueno e São Felipe, dependem dos deputados de Cacoal, para citar apenas alguns exemplos. Com certeza, o sonho da população desses municípios era ter seus próprios deputados. Talvez a população de Cacoal não saiba, mas as casas populares construídas pela gestão do ex-prefeito Francesco Vialeto, o asfalto construído nas ruas os recursos para comprar equipamentos hospitalares somente existem, porque os deputados e sendores buscaram os recursos. Sem deputados e sem senadores não existiriam as casas populares do Paineiras, Alfa Park e outras que existem em Cacoal. Os recursos utilizados pelos prefeitos para manter as estradas rurais em funcionamento são buscados pelos deputados ou senadores. Sempre que as linhas estiverem ruins, o eleitor precisa lembrar que falta a ação dos deputados. Uma pessoa que sai pelas ruas dizendo que vai ganhar um prefeito no lugar de um deputado não tem nenhuma noção da estupidez que fala. Os recursos públicos gerados pelo próprio município não são suficientes para fazer investimentos. Investimentos são feitos com emendas. Todos os eleitores que defendem a teoria de que Cacoal não precisa ter dois deputados deveriam procurar saber a situação dos municípios que dependem dos deputados de Cacoal. Defender o próprio umbigo é uma conduta que não se pode esperar de uma cidade tão importante como Cacoal…
Algumas pessoas ainda tentam argumentar que a lei dá aos políticos o livre direito de serem candidatos. É lógico que a lei não impede!! O que deveria impedir esse tipo de absurdo é a consciência do eleitor. A legislação eleitoral nem sempre representa o que é mais justo. Em todas as eleições, Cacoal elegerá prefeitos; mas isto não acontece na eleição de deputados. E por que não acontece? Porque o mandato de deputado é um privilégio dos municípios. No caso de Rondônia, a cidade mais privilegiada é Porto-Velho, porque elegeu seis deputados estaduais e quatro deputados federais. Agora, falta os eleitores saírem às ruas para dizer que os quatro deputados federais da capital não têm nenhuma importância, basta eleger o prefeito… Que raciocínio mais tolo!!! Não existe argumento mais frágil do que alguém pregar que ser prefeito é mais importante do que ser deputado. Essa ideia pode até agradar as pessoas que querem apenas alimentar suas vaidades nas urnas, mas tornará Cacoal uma cidade com 50% menos de representação no legislativo. O ego de nossos políticos é tão aguçado que não cabe nem mesmo espaço para abrigar aquele velho adágio que diz: “quem tem dois, tem um, quem tem um não tem nenhum”... Tenho dito!!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede estadual e Articulista