Marcos Rogério, senador que se elegeu e sumiu, articula para vir a ser o candidato do grupo do DEM, PSD e PSDB a governador. Costurou algumas coligações exitosas entres os aliados. Mas a reeleição de Hildon Chaves passa a ser uma sombra nos projetos ambiciosos do senador em substituir em 2022 seu xará Marcos Rocha. Rogério voltou a aparecer em Rondônia na hora da foto dos eleitos, muito pouco para quem ambiciona muito mais que a sombra quer. Tem se notabilizado como um fiel escudeiro do negacionismo e do extremismo religioso, mesmo sendo um pecador impervertido.
RECADO
Várias forças políticas derrotadas nas eleições municipais deveriam humildemente analisar o cenário e fazer autocrítica em razão do recado das ruas. Vários fatores contribuem para uma vitória, assim como a derrota. No entanto, no segundo turno, por ser uma eleição basicamente plebiscitária, é possível tirar algumas lições, entre elas, a insatisfação do eleitor com o discurso ultrapassado, sem perspectiva nova. Tem muito político novo que envelheceu em menos de quatro anos e, a persistir não avaliando a insatisfação do eleitor, em breve fará parte do passado. Aos vitoriosos as urnas também mandam o recado contundente, mesmo reciclando velhos conhecidos, que um erro nos mandatos será fatal na eleição seguinte. É melhor avaliar com humildade os atos antes que seja tarde.
FÊNIX
Poucos (ou quase ninguém) acreditavam há oito meses que o atual prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), conseguiria a proeza de dar a volta por cima e vencer as eleições com uma vitória retumbante, sem contestação. Até o início de julho, em várias conversas com este cabeça chata, o prefeito avaliava não sair à reeleição – esta coluna chegou a revelar esta decisão do prefeito. Alegava ser contra o instituto do segundo mandato e emitia sinais de exaustão pessoal, mas, ao que parece, estava apenas ganhando tempo para que as obras em andamento revigorassem seu ânimo para a reeleição. O que terminou acontecendo e o prefeito ressurgiu das cinzas feito uma fênix.
ESTRATÉGIA
Embora alguns analistas avexados e chegados a desenhar cenários que depois não se confirmam tenham sustentado que o anúncio do prefeito em não disputar a reeleição e divulgado por esta coluna tenha sido um estratagema para que cessassem as críticas à administração de Hildon Chaves, a verdade é que ele (Hildon) estava sim decidido a não concorrer. Chegou a marcar a data de final de julho para anunciar, adiada exatamente por aconselhamento dos amigos mais próximos. A mudança do calendário eleitoral pelo Tribunal Superior Eleitoral culminou, ao nosso sentir, ajudando indiretamente o prefeito a mudar de opinião e a colocar o nome para um segundo mandato, visto que coincidiu com a melhora da avaliação da administração municipal em razão das obras estruturantes em andamento, além das pressões partidárias que foram intensas. Nada a ver com as previsões mirabolantes criadas pelos “feiticeiros” de plantão para justificar suas previsões avexadas.
REUNIÃO
No início de agosto, ainda com a possibilidade de Chaves desistir da reeleição, ocorreu um almoço entre a mais nova e proeminente liderança política da capital, Vinicius Miguel (Cidadania), com o alto coturno do tucanato. Na reunião, que este cabeça chata esteve presente, esboçou-se uma provável união de forças políticas em torno da candidatura do jovem Vinicius. Um esboço apenas. Nada além disso já que nenhum compromisso restou firmado. Dali em diante as conversas não evoluíram e cada partido seguiu seu caminho com candidaturas próprias. Mas nasceu naquele momento um respeito entre as duas forças políticas que desembocou numa união de forças no segundo turno, principalmente depois de uma campanha suja e com conteúdos falsos promovida por adversários fundamentalistas contra a candidatura de Vini. O que influenciou no resultado da votação do candidato do Cidadania, impedindo-o de seguir para o segundo turno.
EDITORIAL
Um belíssimo editorial publicado pelo site RONDONIADINAMICA descreve com exatidão as perdas políticas dos principais caciques rondonienses com a reeleição de Hildon Chaves. No texto, o deputado federal Léo Moraes (PODEMOS), principal liderança da capital que rivaliza com o prefeito reeleito, é retratado como um dos derrotados nas eleições municipais. “Não foi um apoio simplesmente vocalizado. O parlamentar trabalhou na campanha de Cristiane como ‘formiguinha’, agitador, balançando bandeiras, fazendo discursos em carro de som (ressuscitou o famigerado Davi contra Golias de 2016), enfim, empenhou-se de corpo e alma a fim de eleger a parceira e defenestrar de vez o desafeto de quatro anos atrás”. Concluiu o raciocínio: “Não deu. De novo”… Um editorial perfeito tanto na boa análise política quanto na estilística. Botou pra lascar, diria o saudoso Paulo Queiroz.
TERCEIRIZAÇÃO
Na coluna anterior já avaliávamos que uma derrota da vereadora Cris (abreviação de campanha criada pelo “magos” do deputado) resvalaria no deputado federal Léo Moraes. Lembramos que, desde a derrota para o atual prefeito em 2016 que as relações com o deputado azedaram. Sequer trocam alguma palavra, exceto os rituais oficiais que exigem a cordialidade. Os dois têm gênios parecidos e alimentam um contra o outro antipatia. É certo que esses ingredientes belicosos de relações conflituosas entre os dois tenham levado Léo Moraes a apoiar ostensivamente (ainda no primeiro turno) a Cris na tentativa de defenestrar o desafeto, mesmo que de forma terceirizada. O resultado foi que Hildon Chaves terminou derrotando os dois de uma só vez. Além do governador.
STRIKES
Hildon Chaves numa só tacada derrotou na capital todo o grupo que hoje dá sustentação ao governador Marcos Rocha, incluído aí Léo Moraes. Apesar de não declarar abertamente voto em Cris, embora o fez de forma velada, o candidato derrotado no primeiro turno e pupilo do coronel Breno Mendes passa a ser daqui em diante, assim como Vinicius Miguel e Cris, concorrentes diretos de Léo Moraes pelos votos de Porto Velho. Os três, aliás, já avaliam disputar uma vaga no Congresso Nacional, o que tende a pulverizar os votos obtidos pelo atual congressista quando voltar a disputa em 2022. Caso a hipótese se concretize, é um strike na base eleitoral do deputado, um eufemismo do principal lance do jogo inglês (boliche) que retrata bem a péssima jogada de Léo em virar agitador de bandeira, orador exaltado e formiguinha de uma disputa terceirizada. Já Marcos Rocha, independentemente da pandemia, permanece isolado e em quarentena desde que assumiu rezando para que o homem lá de cima dê a ele mais uma chance de vitória eleitoral aqui na terra. Já que a primeira foi um milagre.
2022
Acaba uma eleição, no dia seguinte, começa a outra. Não sejamos ingênuos em achar que a disputa das eleições estaduais de 2022 não tenha dado o ponta pé inicial com as eleições municipais que acabam de se encerrar. Esta vai refletir naquela. O atual prefeito de Porto Velho Hildon Chaves e o ex-prefeito de Ariquemes Thiago Flores vão ser peças fundamentais e decisivas. Dificilmente os dois deixem de ser especulados para disputar o Governo de Rondônia pela musculatura política que ostentaram nas eleições municipais e por serem oriundos de dois colégios eleitorais densos. Pode ser que nenhum dos dois seja candidato, mas as eleições estaduais passam indubitavelmente por ambos. Quem viver, verá!
CASERNA
As urnas também revelaram que o eleitor não está mais apaixonado em votar nos candidatos oriundos das policias, a exemplo do que ocorreu em 2018. A maioria expressiva de militares e civis que colocou o nome ao crivo do eleitor não logrou o mesmo êxito de dois anos atrás. Não era pouco o número de policiais nas ruas pedindo voto; passado a campanha, seria muito bom para sociedade que permaneçam nas ruas cumprindo a missão de manutenção da paz social. Esta onda iniciada no vaco negacionista do presidente dá sinais reais que está passando na mesma velocidade com que chegou. É preciso tirar as provas dos noves em 2022 para verificar se realmente passou, antes que um sargento, um cabo e um soldado leve a sério a proposta indecorosa feita por um parlamentar maluco de invadir cortes superiores para depor seus membros constitucionalmente investidos em funções de estado.
RECONHECIMENTO
A campanha de TV e Rádio de Hildon Chaves foi toda executada por profissionais rondonienses sem que marqueteiros de fora fossem chamados para palpitar. Pelo trabalho executado com profissionalismo e sucesso a coluna parabeniza nossos colegas “minhocas”. No primeiro turno, igualmente primoroso do ponto de vista estético, foi o programa de Ramon Cujuí. Embora tivesse errado em insistir com a presença de Lula que, em Rondônia, ainda é muito rejeitado.