PORTO VELHO – Até o momento, ao que tudo indica, parece que a definição sobre quem será o próximo prefeito ou prefeita de Porto Velho é “favas contadas”. O atual prefeito e candidato a reeleição, ao que parece, ganhou a “concorrente dos sonhos”, que neste segundo turno “prega para convertidos”; ou seja, faz campanha priorizando quem já votou nela no primeiro turno, os evangélicos, os que se dizem os únicos defensores da família, a turma que perde tempo com teoria de gênero, kit gay e coisas semelhantes.
Enquanto isso o atual prefeito “nada de braçada” na campanha, atuando praticamente sozinho no amplo segmento dos ‘anti-radicais’, daqueles que são contra o fundamentalismo religioso, temem retrocesso em áreas culturais, sociais e de políticas públicas; ou seja, dos que defendem o estado laico, que é um número muito maior de eleitores do que qualquer segmento social extremista, seja de direita ou de esquerda.
Diante deste cenário, a teoria do marketing político deixa poucas opções para Cristiane Lopes, se ela quer realmente ganhar a eleição, e, uma delas é o que os marqueteiros chamam de “reposicionamento” junto ao eleitorado. A estratégia consiste em adotar uma postura radicalmente diferente à percepção que os eleitores têm do candidato. Para isso é necessário assumir compromissos que neutralizem o temor e a hostilidade dos eleitores mais reticentes.
Cristiane Lopes teria que assumir compromisso público de que a prefeitura não seria transformada em uma “igreja”, como fez o bispo Crivella no Rio de Janeiro – ele está colhendo os frutos desta opção, perdendo de 30% a 70% para o Paes – e que seu mandato seria laico, respeitando a diversidade de pensamentos, cultura e valores da sociedade portovelhense.
Isso se a Cristiane entrou nesta disputa pra valer ou apenas para projetar o nome para uma candidatura à deputada estadual ou federal em 2022.
A estratégia adotada pela candidata indicaria esta segunda alternativa, qual seja consolidar o público evangélico na Capital, se tornar a principal liderança política dos evangélicos em Porto Velho, com enorme potencial de crescimento neste segmento no Interior. Estratégia que, em menor grau, parece ter sido a do candidato Vinícius Miguel, que perdeu preciosos pontos junto ao eleitorado ao não participar e nem justificar, ao que se saiba, a sua ausência no debate da SIC TV.
Nesta ‘toada’ Hildon deverá derrotar, provavelmente com grande vantagem, a candidata Cristiane neste segundo turno. Ela tem pouquíssimo tempo para se reposicionar e passar a “pregar” para os não “convertidos”, que são os eleitores que têm enorme rejeição ao radicalismo, ao fundamentalismo religioso e ao “casamento” de política com religião.
* É advogado e responsável pela Coluna Reticências Políticas.